O Herói e o Cenário de Abuso na sua Equipe de Produto e Tecnologia

Pare de apagar incêndios e construa um time que entrega resultados de forma sustentável

Seja sincero: quantas vezes você já viu ou ouviu falar daquele “herói” na equipe que resolve tudo?
O que fica até mais tarde, apaga os incêndios de última hora e, no final, ainda consegue “salvar o dia”? Esse tipo de comportamento parece admirável e, de fato, ele traz resultados no curto prazo. Mas… e a que custo?

O problema é que a existência desse “herói” não só perpetua, como normaliza o abuso e a sobrecarga dentro das equipes.

Mas antes de mergulhar nesse tema, vamos dar um passo atrás e entender como isso acontece:

O Ciclo Vicioso do Abuso

Toda vez que alguém na equipe assume o papel de herói e se sacrifica para que tudo saia no prazo, ele está, na verdade, criando um precedente. Está mostrando para os gestores que é possível, sim, fazer o impossível. Mas o que a equipe ganha com isso?

Horas extras, cansaço extremo e o sentimento de que, se não houver um herói para salvar o time novamente, tudo vai desmoronar. O problema é que, enquanto alguém estiver disposto a sacrificar sua saúde e bem-estar, a organização vai continuar pressionando.

Esse padrão se repete, criando um ambiente onde o abuso se torna o “novo normal”. Os prazos são ajustados para caber na capacidade “mágica” do herói e a equipe, por mais que se esforce, vive um ciclo constante de sobrecarga e exaustão.

O Erro Grave Que a Maioria das Empresas Comete

Aqui está o ponto que poucas pessoas percebem: o herói é um sintoma, não a solução. Enquanto ele continuar sendo visto como a salvação, a organização nunca vai sentir a necessidade de revisar processos ou avaliar a capacidade real da equipe.

Se você tem um herói na equipe, cuidado. Ele está impedindo que mudanças estruturais aconteçam. É um escudo que oculta falhas de gestão, má distribuição de demandas e falta de previsibilidade. E isso pode custar muito caro!

O Herói Fominha: Ele Quer a Bola Só Para Ele e Impede o Crescimento da Equipe

Esse “herói” não apenas perpetua o ciclo de abuso e sobrecarga, mas também bloqueia o crescimento e desenvolvimento de novos talentos dentro do time. Pense no herói como aquele “fominha” do futebol que não passa a bola para ninguém: ele quer resolver tudo sozinho e, com isso, acaba impedindo que outros profissionais cresçam e desenvolvam suas habilidades.

Quando há um herói na equipe, todos os olhares e expectativas se voltam para ele. Isso cria um ambiente onde outros profissionais acabam não emergindo, não assumem responsabilidades novas e nem têm a oportunidade de experimentar e aprender com desafios reais. No curto prazo, o herói pode até “salvar” a situação, mas, no médio e longo prazo, ele é sempre nocivo, para ele mesmo, para o time como um todo e para a empresa.

Em um ambiente assim, é comum ver profissionais mais novos desmotivados, pois sabem que o herói sempre será o “dono da bola” e as grandes resoluções ficarão nas mãos dele. E se ele sair ou ficar sobrecarregado, quem segura as pontas?

Além disso, se nada for feito para resolver a dependência do herói, novos talentos jamais terão a chance de se desenvolver. Isso gera uma equipe “fraca”, com poucos profissionais prontos para assumir novas responsabilidades ou lidar com crises e ciclo vicioso do abuso continua.

Como Romper Esse Ciclo e Tirar o Herói de Cena?

Agora vem o ponto mais importante: como sair desse ciclo vicioso?
Tudo começa com uma mudança de mentalidade e gestão.

  1. Avaliar a Capacidade Real da Equipe: Pare de empurrar demandas apenas porque sempre existiu alguém que as aceitava. Entenda até onde o time consegue ir sem sacrificar qualidade e saúde mental. Ao avaliar a capacidade, considere que as pessoas precisam tirar férias, que pode haver ausências temporárias e que demandas urgentes podem surgir a qualquer momento. Considere os diferentes tipos de demanda, pois um bom planejamento de capacidade leva em conta essas variáveis e define limites para que a equipe não dependa de horas extras ou sacrifícios pessoais para entregar resultados.
  2. Distribuir Demandas com Clareza e Prioridade: Seja transparente sobre o impacto de novas demandas. Se algo novo entrar, algo precisa sair. Isso evita que a equipe fique sobrecarregada e permite foco nas entregas mais importantes. Defina prioridades e seja firme quanto ao volume de trabalho que a equipe pode assumir. LEMBRE-SE: quando tudo é prioridade, nada é prioridade. Mantenha o foco no que realmente importa e tenha coragem para dizer “não” quando necessário, as discussões e conversas difíceis precisam acontecer em um ambiente de trabalho adulto.
  3. Traga visibilidade ao fluxo de trabalho e ao volume de demandas: Implementar formas de trabalho que não dependam de um “herói” começa com dar visibilidade ao fluxo de trabalho e ao volume de demandas. Isso ajuda a identificar gargalos, sobrecargas e pontos de melhoria. Reforce práticas de transparência com dados e comunicação constante sobre o fluxo de trabalho. Isso evita surpresas e cria um ambiente onde todos estão cientes das prioridades e podem atuar proativamente para evitar crises e sobrecargas.
  4. Cultura de Colaboração, Não de Sacrifício: Incentivar um ambiente onde todos compartilham responsabilidades e sabem quando pedir ajuda. Equipes de alta performance não dependem de um salvador, mas funcionam como um conjunto coeso. Proporcione oportunidades para que todos na equipe possam se desenvolver e emergir como líderes em diferentes áreas. Isso elimina a dependência de uma pessoa e cria um time robusto, preparado para os desafios do dia a dia.
  5. Deixar dar merda: Calma, eu não estou dizendo para ser negligente ou infantil. O que eu quero dizer é que, caso você já tenha seguido os passos de 1 a 5, já mostrou o problema para os gestores e está buscando reduzir os atos de heroísmo, mas se mesmo assim o abuso continua… talvez seja a hora de “fazer o problema aparecer”. Deixar a falha aparecer faz com que a empresa sinta as consequências e perceba a urgência de resolver o problema do jeito certo. E, na maioria das vezes, é só quando o problema se torna visível que a gestão realmente toma atitude para resolver de uma vez por todas. É preciso resolver o problema certo do jeito certo.

Transformando o Ambiente de Trabalho

Esse tipo de mudança não acontece do dia para a noite, mas a longo prazo, os resultados são nítidos. As equipes que rompem o ciclo de dependência de heróis se tornam mais produtivas, inovadoras e, o mais importante, sustentáveis.

Se você se identificou com essa situação e quer saber mais sobre como transformar o ambiente de trabalho e gerenciar demandas e capacidade de maneira equilibrada, me chama e vamos conversar, eu sei como te ajudar.

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